Vindima no Dão (parte III)
A 3 e 4 de Outubro começámos a vindimar os primeiros tintos em Mouraz e na Quinta dos Padres. Principalmente as castas mais precoces, como o Jaen, o Alfrocheiro e a Água-Santa. Também um pouco de Touriga-Nacional na Quinta dos Padres, uma vinha que sofreu muito na altura da floração e que teve uma produção muito baixa. A graduação provável deve andar próxima dos 13º, a acidez é alta, típica dos vinhos do Dão. Depois de desengaçadas as uvas foram directamente para a cuba fazer uma pré-maceração. Uma primeira sangria deu cerca de 1500 litros do futuro rosé, onde prevalece a casta Jaen. As fermentações dos tintos estão agora a começar. Uma cuba de 10 000 litros com um blend de castas e uma cuba de 7 500 litros unicamente com Touriga-Nacional. Mais de metade do tinto ainda está por vindimar.
Uma parte da história, por António Lopes Ribeiro
Nasci em Dezembro de 1970, numa casa de granito construída pelo meu pai, António Ribeiro, num terreno herdado pela minha mãe, Maria Fernanda, outrora pertença do meu avô que por sua vez o tinha recebido do meu bisavô. A pedra utilizada na sua construção foi, ela própria, arrancada nesse terreno. Segundo conta o meu pai, hoje com mais de 80 anos, a casa e os armazéns demoraram dois anos a construir. De uma terra inóspita e praticamente inculta nasceu uma bela construção e vários terraços perfeitamente aráveis, onde viria a nascer a vinha do Outeiro. Conta também que, nesse ano, em virtude da grande preocupação com a obra, perdeu praticamente toda a colheita de vinho...
Mesmo assim ainda teve tempo para plantar uma nova vinha. Nasci sobre uma adega, com cubas de betão, lagar e tonéis. Em Dezembro os vinhos ainda se ajeitavam no interior do vasilhame e os seus aromas atravessavam o tabuado que separava a adega do meu quarto. Sou o quarto filho, irmão de Adriano, Hélder e Jorge.
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