Pausa nas vindimas
Hoje e amanhã não há vindima. Chegou a chuva, manhã cinzenta e molhada. Amanhã deve ser o mesmo. Depois deve voltar o sol, espera-se um ou dois dias e volta-se ao trabalho. Falta vindimar a Touriga-Nacional da vinha das Fontaínhas e de S. João de Areias e a Tinta-Roriz da Quinta dos Padres. E um pouco de Alfrocheiro de Mouraz. Neste momento a chuva está muito forte, esperamos que não faça muitos estragos nas uvas.
Entretanto os brancos perfumaram toda adega. As fermentações já decorrem há alguns dias, com temperaturas que rondam os 14/15 º na cuba. Há notas de frutos tropicais no ar, às vezes lembram o maracujá.
Uma parte da história, por António Lopes Ribeiro
Nasci em Dezembro de 1970, numa casa de granito construída pelo meu pai, António Ribeiro, num terreno herdado pela minha mãe, Maria Fernanda, outrora pertença do meu avô que por sua vez o tinha recebido do meu bisavô. A pedra utilizada na sua construção foi, ela própria, arrancada nesse terreno. Segundo conta o meu pai, hoje com mais de 80 anos, a casa e os armazéns demoraram dois anos a construir. De uma terra inóspita e praticamente inculta nasceu uma bela construção e vários terraços perfeitamente aráveis, onde viria a nascer a vinha do Outeiro. Conta também que, nesse ano, em virtude da grande preocupação com a obra, perdeu praticamente toda a colheita de vinho...
Mesmo assim ainda teve tempo para plantar uma nova vinha. Nasci sobre uma adega, com cubas de betão, lagar e tonéis. Em Dezembro os vinhos ainda se ajeitavam no interior do vasilhame e os seus aromas atravessavam o tabuado que separava a adega do meu quarto. Sou o quarto filho, irmão de Adriano, Hélder e Jorge.
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